terça-feira, 6 de novembro de 2012

A depressão que os anos trouxeram de volta para o Facebook


Lá pelos idos da década de 50 do século XIX, um grupo de jovens poetas brasileiros dava início a um movimento literário que ficou conhecido como Ultra Romantismo, que era caracterizado pelo pessimismo, importado do grande influenciador do movimento, o escritor inglês Lord Byron.
Nas palavras de Marina Cabral, especialista em literatura, era um sentimento de inadequação à realidade, ócio, desgosto de viver. Essa geração sentia-se “perdida”, não tinha nenhum projeto no qual se apegar.
Hoje passados mais de 160 anos, o conceito cai como uma luva na geração que anda ditando  moda nas redes sociais com os enésimos perfis da depressão.
Nunca esteve tão na moda ser depressivo e mal humorado!
Nem Casimiro de Abreu ao escrever os versos de 'Meus oito anos' iria imaginar o quanto esse misto de forever alonice com depressão iria longe:


Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!


Quem é que nunca curtiu os pensamentos da página do Hipster da Depressão, Coruja da Depressão, Depressiva da Depressão e agora até o Chapolim ?
A moda se alastra principalmente pelo Facebook e também pelo Twitter e ganha cada vez mais adeptos. E para conseguir tocar na sua ferida e dar aquele tom de reafirmação da sua bad, a onda da depressão agora é bem segmentada. Cada profissão tem a sua e conta os dissabores a amarguras vividos por esses profissionais.
É Analista de mídias sociais da depressão, jornalismo da depressão, oceanógrafo da depressão... e por aí vai.
Como não podia faltar, muitos escritores brasileiros também ganharam sua cota ácida, a exemplo de Clarice Lispector. Apesar de ela ser nossa contemporânea e não pertencer ao grupo percussor da moda depressiva na literatura, o perfil Clarice de TPM brinca um pouco com sua personalidade, apesar de nem todas as frases atribuídas de fato serem de Lispector.

# Do mundo fantástico para a realidade

Falando em números, a depressão no mundo real anda batendo recordes e duelando com a depressão do mundo digital. A revista Galileu trouxe números interessantes e reveladores. O Brasil é o país com o maior número de depressivos. No mundo, são mais de 121 milhões de pessoas que sofrem de depressão.
Há ainda uma corrente de médicos americanos que acreditam que as redes sociais causam realmente depressão.  A Academia Americana de Pediatria descreve um novo fenômeno conhecido como “depressão do Facebook “, no qual crianças e adolescentes que gastam uma enorme quantidade de tempo em sites de redes sociais acabam desenvolvendo sintomas de depressão.
Ainda em estudo, os resultados mostram que tem seu fundo de verdade. Os pesquisadores afirmam que as crianças e adolescentes acabam tendo maior facilidade de se relacionar na rede social, deixando de lado a vida social real, caindo numa espécie de confinamento digital. Vamos esperar...

#Mau humor com bom humor

O grande trunfo dos mau humorados de plantão, é tirar onda das intempéries do dia-a-dia e mesmo com mau humor fazer a galera rir. É uma fórmula louca, mas tem dado certo.
Tá aí! Se os anos não lhe trazem mais sua infância querida, ou aquele tempo que você era feliz e não sabia, o remédio é rir. Sem depressão e sem confinamento. Se nada disso resolver, um abraço dá jeito.

Um comentário:

  1. Verdade absoluta! E é um ciclo super vicioso né? Eu mesmo adoro a corujinha da depressão... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk só me assustei com esse número de pessoas que sofrem de depressão! Cara, sério? :|

    E ah, AMEI sua última frase. Vou salvar aqui! =) (com os direitos autorais, é claro..)

    Parabéns pelo blog Nessinha =***
    /Juh

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