quinta-feira, 31 de março de 2011

Lixo e falta de saneamento: os vilões do abastecimento em Maceió

Por Vanessa Siqueira Estudante de Jornalismo - Com supervisão de prof. Esp. Marcus Toledo



Maceió está ameaçada de conviver nos próximos anos com sérios problemas de abastecimento e distribuição de água. O alerta é de Eduardo Lucena, professor doutor em engenharia hidráulica e saneamento da Universidade Federal de Alagoas. Segundo ele, o abastecimento na capital poderá ser agravado pela falta de uma estação de tratamento de água e esgoto, em conjunto com o lixo.

O engenheiro explica que, sem uma estação de tratamento de águas residuais que colete a água do esgoto e realize o tratamento para poder devolver ao rio ou mar, corre-se o risco de poluir suas fontes, e consequentemente, a população que a consome.

A questão levantada pelo Atlas do Abastecimento da Agência Nacional de Águas, divulgado no último dia 22, que prevê déficit no abastecimento de água em pelo menos 55% das cidades brasileiras, é analisada por Eduardo Lucena como um efeito dominó em Maceió.

Ele aponta que o problema no abastecimento está relacionado  à falta de estrutura de saneamento e tratamento de água, atrelada ao lixo e à falta de conscientização da população. Segundo o engenheiro, a tendência do abastecimento de água em Maceió é piorar, caso o governo não implante projetos de saneamento.

“Não podemos ter uma capital com potencial turístico como Maceió sem uma estação de tratamento de esgoto. A população cresce, o governo quer desenvolver a cidade e tudo isso depende de uma boa distribuição e qualidade de água. A poluição dos mananciais acaba contribuindo para a contaminação da população, criando mais um problema ao governo”, analisa.

Mas a preocupação do professor Eduardo Lucena não é compartilhada com a direção da Casal. O presidente da companhia, Álvaro Menezes, não acredita que os bairros da capital sejam prejudicados com a falta de abastecimento de água no futuro. “A Casal está trabalhando para que todos os bairros de Maceió sejam bem abastecidos, contando para isso com a gestão da oferta de água por meio dos projetos do rio Meirim e dos afluentes do rio dos Remédios, e também com a gestão da demanda, atuando fortemente para a redução de perdas”, aponta Álvaro.

Eduardo Lucena defende que um dos grandes desafios dos gestores municipais será levar saneamento a todas as partes da cidade. A casa de Maria Gedalva de Oliveira, moradora do bairro da Levada, em Maceió, até é abastecida, mas ela reclama da qualidade da água. Por isso, a dona-de-casa é obrigada a comprar mensalmente oito galões de água mineral - 160 litros - para consumo e uso na cozinha. “Moro aqui no bairro há 20 anos e há mais de oito venho nessa luta,  comprando água para beber porque a água que chega à torneira é ruim. Além de pagar a conta da Casal, ainda desembolso cerca de R$ 30 com água mineral. A qualidade não melhora e a água no mundo está sendo poluída e acabando”, desabafa.

Já na parte alta da cidade, muitos bairros ainda possuem ruas sem o mínimo de saneamento, nem abastecimento por parte da Casal. Os moradores amenizam a situação com a construção de fossas sépticas individuais, que apresentam pouca eficácia e contribuem para a contaminação dos lençóis freáticos.

Moradora de um dos conjuntos do Tabuleiro do Martins – e sem abastecimento de água da Casal – , Maria Sandra de Lima construiu um poço artesiano no quintal de sua residência. O poço tem 25 metros de profundidade, e foi construído há cerca de 20 anos, logo no início da formação do conjunto.

O grande problema, segundo avaliação do engenheiro, é o número de fossas das outras residências próximas ao reservatório, que pode comprometer a qualidade da água, provocando em alguns moradores doenças relacionadas à contaminação da água. “Na parte alta da capital, além de não ter saneamento, os poços ficam muito próximos às fossas que recebem o esgoto das casas. Isso acaba contaminando a água com microorganismos, podendo gerar várias doenças nas pessoas que consomem a água”, analisa Eduardo.

Maria Sandra diz que a água já passou por análise há alguns anos, e foi constatado que o nível de impurezas estava dentro do normal. “Antes eu fornecia água para os vizinhos, mas agora fizeram um poço que abastece o bairro. Infelizmente sei que a água fica comprometida com esse monte de fossas próximas. Quando chove tem muita gente que fica doente, porque as ruas são de areia e o lixo e os esgotos entram em contato com os poços. Mas nós vamos fazer o que? Temos que correr riscos”, denuncia.

A Casal afirma que todos os mananciais utilizados pela companhia estão em boas condições, além de acreditar que a ampliação e construção de um novo manancial vá atender a demanda da cidade.

Lixo e falta de conscientização 

Sem um plano de coleta de lixo seletivo e contando com apenas um aterro sanitário, Maceió ainda tem a difícil missão de coletar as 1.400 toneladas de lixo, entre doméstico, esgoto e de construção, produzidas diariamente. Cada habitante produz em média 800 gramas de lixo por dia. Boa parte desses resíduos, como aponta  Eduardo Lucena, não é tratado e acaba entrando e contato com os sistemas de abastecimento de água.

“Parte desse lixo que entra em contato com as redes de  abastecimento é resultado da falta de consciência da população, que joga lixo em córregos, canais, rios, que inevitavelmente vão entrar em contato com as redes que abastecem a população. A população deve ficar atenta aos cuidados que se deve ter com a água, que anda tão escassa”, disse.

Para evitar transtornos o engenheiro avalia que, a curto prazo, o governo municipal terá que realizar obras voltadas para o saneamento, além de realizar a conscientização da população sobre os riscos da poluição da água.

“Maceió está crescendo e a população acompanha esse crescimento. Se não começar a se pensar em políticas públicas de saneamento e tratamento de lixo e resíduos, a previsão para Maceió não é nada animadora. A população tem uma enorme parcela de culpa sobre os transtornos com água da atualidade e deve ter consciência que o papelzinho que se joga na rua, o lixo jogado num riacho, vai acabar interferindo no meio ambiente, futuramente trazendo sérias conseqüências ao homem”, alerta.

sábado, 19 de março de 2011

I'm American, believe!

Este final de semana a política mundial contempla um encontro um tanto quanto inusitado entre o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e a primeira presidente mulher do Brasil.
A vinda de Obama às terras tupiniquins gerou um grande rebuliço em todos os cantos, até na nossa querida província Alagoas, que esperava um 'Yes' confirmando a visita de Obama à Serra da Barriga, local que por um século foi o maior foco de resistência negra do Brasil colonial.
Entretanto o discurso direto,  frio e objetivo, típico de um chefe de estado americano, frustrou a expectativa de  boa parte dos brasileiros que acompanhavam os detalhes pela tv.
Não sei, mas tive a impressão que esperavam um Obama 'Friendly', que quebrasse protocolos e caísse na roda de samba, falasse que gostava de futebol, samba e Rio de Janeiro. Certo que ele acabou se rendendo aos encantos do povo brasileiro, mas uma coisa bem contida, longe das cenas de Bill Clinton e do príncipe Charles.
E acabaram vendo um presidente sorridente mas contido, que mostrou para que veio, os interesses no Brasil e indiretamente deixou escapar um "Hi, I'm Barack Obama and I'm American".